Nasceu em Lisboa, em São Sebastião da Pedreira, mas foi na margem sul de Lisboa que viveu mais de 20 anos da sua vida. Concluiu a Licenciatura em Ensino da Matemática, tendo frequentado diversas formações relacionadas com o ensino a distância, área pela qual tem um interesse especial. Com a vinda para a Escola Nacional de Bombeiros (ENB), mudou-se também para Sintra, concelho onde vive desde 2003. Após ter coordenado o Setor de Recursos Tecnológicos, durante 13 anos, José Oliveira é atualmente o Diretor do Departamento de Pedagógico da ENB.
Como iniciou a sua colaboração com a ENB?
Entrei na ENB há mais de 20 anos, em janeiro de 2003, na altura como formador de Matemática e de Tecnologias de Informação e Comunicação, no âmbito do Centro de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências (RVCC) que a ENB tinha em Sintra.
Foi um projeto com grandes desafios, nomeadamente o desenvolvimento de processos reconhecimento de competências nos Corpos de Bombeiros por todo o país, alguns em regime de itinerância e teve sem dúvida um impacto forte no aumento da qualificação dos bombeiros portugueses.
O centro RVCC da ENB, em Sintra, foi um dos centros pioneiros em Portugal, tendo sido um dos primeiros seis centros RVCC a nível nacional. Além do que existia em Sintra, a ENB tinha também na altura um centro RVCC na Lousã. A experiência a nível nacional, as experiências de descentralização do reconhecimento e da formação neste âmbito tornaram nessa altura a ENB uma referência neste tipo de processos.
Mais tarde, com o alargamento da rede, surgiram os Centros Novas Oportunidades e com isso os novos referenciais para a certificação do nível secundário. Fui também formador da área de sociedade tecnologia e ciência para o nível secundário.
Entretanto, passou a coordenador do Departamento de Informática. Assistiu certamente a muitas mudanças nesta área, quer destacar as mais importantes?
Em 2010 integrei o Núcleo de Novas Tecnologias que mais tarde se passou a chamar Setor de Recursos Tecnológicos. Houve realmente grandes desafios que passaram pela atualização do parque informático e de toda a infraestrutura de servidores. Nesta renovação da infraestrutura tecnológica houve ainda a utilização de novas aplicações de suporte às diversas necessidades. Foi criado o DTP Digital que permitiu melhorias significativas, tornando o processo centralizado e rastreável. Apesar de ter sido na altura uma ferramenta pioneira, com o passar dos anos foram necessárias diversas melhorias.
Foi ainda implementada a plataforma de elearning da ENB, que atualmente além do suporte às ações que decorrem em b-learning e e-learning constitui-se como um local de comunicação e partilha de documentação com os formadores, com os formandos e com os Corpos de Bombeiros.
Atualmente é o Diretor do Departamento Pedagógico. Quais os principais desafios que se colocam?
As diversas áreas técnicas de formação da ENB têm uma evolução constante, resultante de alterações legislativas, regulamentos ou até da evolução técnica e do conhecimento científico disponível. A capacidade de atualizar e rever com a celeridade desejável é um desafio constante.
Por outro lado, o volume de formação da ENB é elevado e o acompanhamento às ações formação é também um desafio. Os coordenadores das áreas técnicas formativas da ENB são de elevada importância para todos estes processos.
Estamos atualmente a apostar em novas ferramentas tecnológicas que podem permitir algum apoio diferenciado a todos estes desafios, trazendo formas mais ágeis de reunir informações estatísticas e relatórios.
Existe algum projeto mais relevante em curso que queira salientar?
O curso de Segurança na Supressão de Incêndios Rurais foi um dos projetos que resultou de um forte trabalho de equipa e que responde a uma necessidade de formação e de conhecimento na respetiva área. É um curso que tem sido aberto não só a bombeiros, mas a diversos agentes que participam no Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais (DECIR). Sendo um curso massivo, no qual têm participado milhares de formandos, obrigou a uma gestão de processos, de recursos tecnológicos e de suporte diferente do habitual.
Este curso acabou por ser também uma aprendizagem para que em breve se possam disponibilizar conteúdos e conhecimento noutras áreas de formação, principalmente para um nível inicial. Entre outros está prevista uma nova edição mais completa e atual de um curso na área das Telecomunicações TETRA (SIRESP).
Um outro projeto importante em curso é a atualização dos referenciais de qualificação na área de bombeiro, quer seja ao nível da atualização das UFCD ou de Unidades de Competência.
Em simultâneo estão a ser feitas melhorias que vão permitir a atualização da formação de ingresso na carreira de bombeiro voluntário.
Em algumas áreas estão também previstos manuais ou textos de apoio. Esta é uma dimensão em que a ENB terá de apostar com regularidade mantendo disponível e acessível o conhecimento técnico mais atual e relevante.
Como vê o futuro da ENB?
A ENB deveria ter a capacidade de reunir em si o conhecimento técnico e específico mais atual em cada uma das áreas de formação. Deverá nesse sentido ser um centro de excelência do saber, tornando cada vez mais real o lema da escola que é “Saber para Servir”.